Calibração de Estações Totais a luz das normas nacionais e internacionais.
Autores
1Peixoto Berbert Lima, A.; 2Ramos da Silva, L.
1UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Email: arthur@berbert.eng.br
2UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Email: liane.ramos@ufsc.br
Resumo
Nas últimas décadas a evolução tecnológica dos instrumentos e processos de medição foi revolucionaria. Tal tecnologia fez com que a rapidez, a simplicidade e a precisão na obtenção de dados induzisse ao pensamento de que os resultados produzidos são perfeitos e não possuem erros e isso é um equívoco, uma vez que não há equipamento de mensuração que não possua uma incerteza na medição e cabe as normas padronizar a forma de determinação e verificação dessa incerteza. Pretende-se com este artigo discutir as normativas que abarcam a verificação das Estações Totais (ET) e os pontos relevantes correlatos à qualidade instrumental em levantamentos topográficos, uma vez que a sua precisão é intrinsicamente ligada a incerteza de medição da ET. Quando determinada pelo fabricante, essa incerteza é comumente denominada de Precisão Nominal (PN). Considerando somente a PN, as ET de alta precisão propagam erros subcentimétricos em uma centena de metros, mas vale ressaltar que conforme aumente o erro angular ou a distância, a influência será maior podendo causar resultados indesejados. O transporte, pequenas quedas e elevadas alterações ambientais (temperatura e pressão) também interferem na ET fazendo com que os requisitos especificados não sejam satisfeitos e a detecção desta inconformidade é vital para a qualidade do levantamento. Sendo assim, antes de iniciar as medições é importante que o operador assegure que a precisão da ET está dentro do especificado e é fundamental que sejam feitas verificações embasadas em normativas com reconhecimento internacional, evidenciando a importância desta pesquisa. A metodologia empregada baseou-se em pesquisa bibliográfica, através de reflexões teóricas das principais normativas que se referem verificação das ET em alguns países dos continentes Europeu e Americano, confrontando com as normas brasileiras e identificando virtudes e ônus das normativas atuais. Está no contexto da pesquisa o fato de que tradicionalmente as ET apresentam PN angular e linear, mas as coordenadas podem ser consideradas como observações, pois podem ser a informação de saída e a PN das coordenadas pode ser calculada em função da precisão angular e linear. Para ET de alta precisão em distâncias não superiores a 100 metros a influência da PN nas coordenadas é subcentimétricas, mas também vale ressaltar que esse efeito aumenta conforme o erro angular ou a distância aumentam, podendo causar resultados indesejados. Paralelamente a isto, tem-se que testes realizados em laboratórios fornecem resultados em condições que raramente são encontrados na prática e produzem precisões maiores do que as que podem ser obtidas em condições de campo. Concomitantemente, o aumento das organizações públicas ou privadas que adotam Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQ) e que seguem os padrões da família ABNT NBR ISO 9000 e que por isso demandam a rastreabilidade da medição e por consequência as verificações, ressaltam a necessidade de debate sobre as normas. Diversos países possuem entidade normalizadoras (e.g. na Alemanha a Deutsches Institut für Normung - DIN). No Brasil a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é a entidade oficial, mas a protagonista no tema normalização é a International Organization for Standardization (ISO), que conta com 163 organismos nacionais de normalização. Logo é comum que as normas e a legislação dos países se orientem pelas normas ISO. Múltiplas normas ISO são aplicáveis a geomática, mas estritamente ao que tange as verificações das ET a NBR ISO/IEC 17025 é quem trata dos Requisitos Gerais para a competência de laboratório de ensaio e calibração. Esta norma determina que o certificado de calibração não deve conter qualquer recomendação sobre o intervalo de calibração, exceto em casos peculiares. Igualmente vale ressaltar a coletânea ISO 12858 que especifica os requerimentos mais relevantes para os acessórios topográficos. A ISO 12858-2:1999 trata dos tripés, separando-os em pesados e leves, expõe os fatores que influenciam na acurácia obtida com eles e tem tolerâncias que se atendidas, a priori, são irrelevantes no uso com a ET. Já a ISO 12858-3:2005 se refere às Bases Nivelantes, e traz que estas devem ser capazes de absorver a torção que o instrumento produz sem deformação permanente e que é responsabilidade do fabricante garantir que as bases possuam rigidez de torção suficiente para ser compatível com a PN. No Brasil a NBR 14.166:1998 - Rede de Referencia Cadastral Municipal e a coletânea NBR 14.645 - Elaboração do “como construído” (as built) para edificações, no que concerne a qualidade da ET, migram a competência para a principal norma de levantamentos topográficos a NBR 13.133:1994 - Execução de Levantamento Topográfico e essa delibera que a classificação das ET será feita em conformidade com a DIN 18.723 que já foi revisada atualmente e está incorporada pela coletânea ISO 17123. A coletânea ISO 17123 é divida em 8 partes, sendo uma destinada exclusivamente às ET. Contudo, a grosso modo, uma ET é a junção de um Teodolito e um Medidor Eletrônico de Distancias (MED) e cada um desses é abordado por uma das partes da ISO 17123. Os testes desta coletânea destinam-se principalmente a verificações in loco da adequação de um instrumento específico para a tarefa imediata e a satisfazer os requisitos de outras normas e, apesar de desenvolvidos para o uso em campo, comumente estas normas são utilizadas como ponto de partida para procedimentos laboratoriais. Com este trabalho constata-se a popularização das normas ISO como padrão legal em nível mundial, embora toda norma tenha caráter voluntário, cria-se a obrigatoriedade através de instrumentos legais. Conjuntamente, a pesquisa expôs que os SGQ geram a necessidade de rastreabilidade nas medições visando garantir a qualidade dos dados medidos, e como principal ponto positivo do trabalho destaca-se que o mercado vem convergindo para necessidade de um procedimento normatizado de verificação das ET, conforme tratado na ISO 1712
Keywords
Estação Total; Normas; Calibração