Bases para uma História Visual de Belo Horizonte

Autores

¹Marcandier Gonçalves, R.S.; ²Fialho, T.A.; ³dos Santos, R.E.

¹UFMG Email: rodrigo.marcandier@gmail.com
²UFMG Email: alfenas.thiago@gmail.com
³UFMG Email: ro1234ro@gmail.com

Resumo

Fotografias aéreas são fontes importantes de informação sobre o espaço e podem fornecer subsídios à análise de diversos processos, a exemplo da urbanização, do desmatamento, do derretimento de geleiras, da mineração do solo e até mesmo da transformação do espaço imposta pelas guerras. A fotointerpretação fornece procedimentos que auxiliam na visualização e identificação de distintos elementos que constituem ou constituíram um determinado espaço ao longo do tempo. Estamos interessados em investigar o potencial de utilização das aerofotos na pesquisa histórica: mais precisamente na urbanização de Belo Horizonte, cidade cujo sítio natural sofreu profundas transformações, impostas pelo traçado rígido do plano urbano, concebido pela Comissão Construtora, liderada pelo engenheiro Aarão Reis no final do século XIX. Diferente de outras metrópoles brasileiras, que em sua maioria surgiram a partir de ocupações espontâneas, em Belo Horizonte é possível encontrar diversos registros. Destacam-se nesse material o primeiro levantamento geodésico e topográfico, datado de 1893; a cobertura aerofotográfica realizada na administração Juscelino Kubitschek, entre 1940 e 1945, que inaugura uma série de vôos e produção de aerofotos, com certa regularidade. O trabalho descrito neste resumo é parte do projeto Atlas Aerofotográfico de Belo Horizonte, que vem sendo desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa MoM (Morar de outras Maneiras), da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais. As fotografias aéreas constituem fonte historiográfica ainda pouco usual, embora tenham uma riqueza enorme de conteúdo relevante. Além disso, o estado de conservação em que se encontram, muitas vezes, demanda cuidados especiais de manipulação, fator que por si só justificaria um esforço de preservação digital. Dessa forma, estabelecemos cooperação com as diferentes instituições que mantêm a guarda desse material: Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte (APCBH), da Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte (PRODABEL) e do 5º Centro de Geoinformação do Exército Brasileiro (5º CGEO). Parte desse acervo já foi digitalizado, de modo a garantir a preservação digital dos documentos originais e garantir a integridade das coleções, bem como, facilitar e ampliar o acesso público aos dados. Até o presente momento, localizamos aerofotos que recobrem Belo Horizonte nos anos de 1953, 1966, 1969, 1972, 1989 e 1994, cujo processo de digitalização aconteceu entre junho de 2016 e maio de 2017. A digitalização dos dados referentes ao ano de 1969 foi feita em maio de 2017 a partir de negativos, mantidos no 5º CGEO, na cidade do Rio de Janeiro. Deu continuidade ao trabalho, o procedimento denominado mosaicagem, no qual as imagens digitais das fotografias aéreas foram agrupadas de modo a recobrir maiores porções espaciais. As aerofotos convencionais, a despeito das variações de escala, geralmente recobrem áreas relativamente pequenas e, por isso, faz-se necessária a fusão de um grande número de imagens para o recobrimento fotográfico de uma área de interesse maior, como é o caso do município de Belo Horizonte, com área estimada em 330 km². É importante destacar que tal procedimento pode gerar imprecisões significativas, no entanto, importante dizer também que estamos mais interessados na visualização das transformações do espaço e menos na utilização desse material para fins que exijam muita precisão, tais como em análises periciais. Trata-se, como se pode perceber, de um trabalho em andamento, portanto com conclusões apenas parciais, cujos objetivos específicos, neste momento, são: 1) finalizar a edição das imagens, isto é, organizar os mosaicos referentes a todos os anos levantados; 2) criar um website para disponibilizar em meio online a consulta ao material por parte de qualquer cidadão; e 3) desenvolver dispositivos para visualização de transformações espaciais, em que possam tornar evidentes determinados processos urbanos, como é o caso da canalização dos córregos da cidade.

Keywords

Cartografia Histórica; Aerofotografia; Planejamento Urbano

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