O Geoprocessamento e a Cartografia Digital como ferramentas de apoio à gestão da mobilidade e da acessibilidade nas áreas úmidas urbanas de Macapá-AP


Autores

1Cardoso Júnior, F.; 2Lima, E.; 3Belém, F.; 4Santos, E.; 5Souza, M.

1UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ Email: fred.bach.geo@hotmail.com
2UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ Email: eduqlima@unifap.br
3UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ Email: flb.geo@gmail.com
4UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ Email: viegas_erica@hotmail.com
5UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ Email: maiconrafael4@hotmail.com

Resumo

A cidade de Macapá, situada no Estado do Amapá e na região amazônica brasileira, caracteriza-se por possuir uma vasta região de áreas úmidas que segundos Santos et al. (2004) correspondem a planícies fluviais inundáveis e em processo de colmatação por sedimentos holocênicos, comportando meandros abandonados e sujeitas a inundações pluviais e por marés. Estas áreas inundáveis, conhecidas localmente por “áreas de ressacas”, estão situadas na bacia do Igarapé da Fortaleza e entrecortam o espaço urbano de Macapá. As áreas úmidas ou de ressacas ocupam cerca de 15% da cidade (IBGE, 2010) e são ocupadas por populações de baixa renda, as quais passam a construir sua moradia na forma de palafitas com precária infraestrutura de saneamento, coleta de resíduos sólidos, energia elétrica, abastecimento de água, entre outros. Um dos principais problemas enfrentados pelos moradores dessas áreas e pouco considerado tanto pela academia quanto pelo poder público refere-se à mobilidade e à acessibilidade de seus moradores. O meio de acesso dentro dessas comunidades é construído pelo poder público ou, na ausência deste, é construído pelos próprios moradores. De modo geral, são criadas passarelas feitas de madeira com o propósito de permitir o deslocamento de seus habitantes e visitantes no interior dessas áreas. Com o intuito de apoiar a gestão pública e possibilitar melhorias ao deslocamento de indivíduos nas áreas úmidas, está sendo implementado um projeto-piloto na “Ressaca do Tacacá”, a qual, por sua vez, está inserida no bairro da Universidade, Zona Sul de Macapá. O trabalho consiste na identificação dos tipos de deslocamentos (pedestres e/ou veículos motorizados ou não) e na caracterização, mapeamento e quantificação da qualidade da infraestrutura das passarelas com o apoio de softwares de Geoprocessamento e Cartografia Digital. A escolha da área úmida foco do estudo deve-se em primeiro lugar à proximidade do Campus da Universidade Federal do Amapá e em segundo lugar ao grande número de pedestres que nelas circulam. Contudo, a intenção é expandir a pesquisa para todas as áreas úmidas de Macapá. Para a execução desta pesquisa realizou-se as seguintes etapas e procedimentos: 1) leitura bibliográfica sobre os aspectos socioeconômicos e físicos das áreas úmidas; 2) seleção de imagens de satélite do sensor Landsat 8 e ortoimagens da Base Cartográfica do Amapá; 3) reconhecimento da área de estudo e identificação das principais passarelas a serem pesquisadas; 4) identificação e descrição de avarias nas passarelas em fichas de campo com o registro de coordenadas UTM por meio do GPS Garmin eTrex Legend HCx; 5) levantamento fotográfico; 6) observação e entrevistas com moradores para avaliar as dificuldades encontradas em relação ao deslocamento nas passarelas; 7) tabulação e quantificação dos dados coletados; 8) produção de mapas no software QGIS e de gráficos e tabelas no LibreOffice Calc e; 9) zoneamento cartográfico das passarelas (no software QGIS) com base no quantitativo de pontos identificados com avarias, de tal modo que possam ser classificados nas seguintes categorias: bom (linhas com a cor verde), regular (linhas com a cor amarela) e ruim (linhas com a cor vermelha). Destaca-se que a coleta dos dados ocorreu no mês de julho de 2017 e avaliou 101 pontos de avarias nas passarelas. Os tipos de problemas detectados foram: 1) ausência de tábuas; 2) tábuas desparafusadas; 3) tábuas com madeira estufada; 4) tábuas com madeira quebrada; 5) tábuas com madeira desgastada e; 6) outros. A quantificação dos dados revelou que existem 51 pontos (20,4%) sem tábua, 73 (29,2%) com tábuas desparafusadas, 14 (5,6%) com madeira estufada, 82 (32,8%) com madeira quebrada, 28 (11,2%) com madeira desgastada e 2 (0,8%) outros pontos com a avaria especificada no momento da avaliação (tábuas colocadas pelos próprios moradores em substituição a madeira desgastada), totalizando 250 avarias ao longo das passarelas. Vale salientar, que este quantitativo é decorrente do fato de que em um mesmo ponto foi possível detectar mais de um tipo de avaria, o que dá uma média de aproximadamente 2,5 avarias por ponto. Identificou-se que tábuas quebradas são o tipo de problema mais frequentemente encontrado nas passarelas. Os entrevistados citaram como principais problemas relativos às passarelas: risco de acidentes (“cair na água”, “ocorrência de lesões”, etc.); dificuldade de locomoção para deficientes físicos, idosos e crianças; danos materiais (avarias em bicicletas) e custos não planejados dos moradores com a correção das avarias. Em relação ao zoneamento das passarelas foi constatado que 17% encontram-se no estado bom, 18% no estado regular e 65% no estado ruim. Através do mapeamento e da análise quantitativa dos dados é possível perceber que é de suma importância a atuação do poder público, visto a precariedade das passarelas e a necessidade de locomoção dos moradores dessas áreas para diversos fins. Essa pesquisa levará à construção de um banco de dados que auxiliará às autoridades competentes no planejamento de ações para correção das avarias identificadas.

Keywords

Áreas úmidas; Mobilidade urbana; Geoprocessamento

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