Análise da dinâmica da perda de cobertura vegetal e do avanço das áreas verticalizadas com o crescimento da urbanização na bacia hidrográfica urbana de Armas-Reduto, Belém-PA
Autores
1Dias, R.P.; 2Rodrigues, M.S.; 3Silva, J.F.
1UFRA Email: rafaelp.dias@yahoo.com.br'
2UFRA Email: mateuscim@hotmail.com
3UFRA Email: jean.ferreira1@hotmail.com
Resumo
As cidades são espaços dinâmicos, cada vez mais presentes em mesas de debates relacionados às discussões socioambientais; logo, a grande preocupação são os subprodutos fornecidos pelas principais atividades urbanas, fruto do desenvolvimento tecnológico e do aumento da densidade populacional, Belém tem uma população de 1.432.844 habitantes segundo dados do IBGE, as áreas centrais da capital sofrem com a substituição das áreas verdes pelo cimento, concreto ou asfalto. Na cidade de Belém, a produção desigual do espaço urbano tem gerado grandes perdas na cobertura vegetal, as áreas verdes localizadas na área urbana consolidada estão diminuindo em função do processo de verticalização acentuado nas últimas décadas. O crescimento horizontal da metrópole para o que se configura área de expansão urbana na década de 80, ocorreu seguindo os eixos rodoviários tais como a Rodovia Arthur Bernardes e Augusto Montenegro que liga o centro de Belém ao Distrito de Icoaraci, e levou a retração significativa da cobertura vegetal. A perda da cobertura vegetal nas metrópoles brasileiras tem revelado um quadro ambiental preocupante, sobretudo em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte que apresentam séries históricas de mapeamento e quantificação da perda do verde urbano. Para a cidade de Belém, o velho marketing de “Cidades das Mangueiras” não se aplica para a atual geografia da cidade. As alterações da qualidade ambiental urbana de Belém podem ser constatadas na expansão horizontal da cidade com o aumento das áreas construídas, pavimentação asfáltica, crescimento da verticalização na área central, aumento da frota de veículos com congestionamento das vias públicas, poluição do ar, poluição sonora e retração da vegetação urbana. A retração da vegetação pode ter impacto significativo na vida dos habitantes e ecossistemas em geral, uma vez que as baixas latitudes equatoriais recebem uma grande quantidade de insolação o ano todo, com a perda da cobertura vegetal o processo de evapotranspiração diminui consideravelmente, elevando a temperatura da cidade. A bacia de Armas-Reduto possui uma área de 3.778.990,66 m² e localiza-se na primeira légua patrimonial da cidade de Belém, abrangendo cinco bairros da cidade, sendo eles: Telégrafo, Nazaré, Campina, e os dois principais: Reduto e Umarizal. Estes últimos pertencem ao antigo Igarapé das Almas (situado no Umarizal) e o antigo Igarapé da Fábrica (situado no bairro do Reduto). Nos dias atuais com a valorização do espaço que ocorreram com as transformações nas últimas décadas, e face ao crescimento acelerado de Belém, e a expansão de sua malha urbana, é uma região bastante adensada populacionalmente, e apresenta um intenso processo de verticalização. Os procedimentos metodológicos adotados, seguem uma linhagem e padronização para se obter um resultado concreto da pesquisa foram realizados em passos concomitantes, onde se estava produzindo os mapas, também se estava procurando o material bibliográfico e as visitas em campo. No que se refere ao processo de ocupação da cidade de Belém buscou-se utilizar os trabalhos construídos por Moreira (1966), Santos (2012) e Rodrigues (1996). Para se consolidar o trabalho da urbanização e antropização da área de ocupação da bacia hidrográfica de Armas-Reduto Trindade Jr. (1997) e Cruz (1973). Essa pesquisa foi necessária e possibilitou a distinção e a compreensão dos conceitos que foram utilizados, e para se ter o embasamento teórico e técnico para a produção do trabalho. Os vetores de limite da bacia hidrográfica de Armas-Reduto foram construídos a partir dos vetores das cotas altimétricas da cidade de Belém, onde foi delimitado segundo o centro de queda das cotas mais altas da área seguindo até as mais baixas, sempre em direção à Baia do Guajará. Foi utilizado o software ENVI para o georreferenciamento das imagens de 1977, 1997 e 2006 com base na imagem de 2013, pois ela é georreferenciada por GPS geodésico, onde com esse instrumento ela acaba tendo uma precisão maior. Com base nessas imagens georreferenciadas foram produzidos os mapas de vegetação e de verticalização, onde os pontos obtidos nas imagens foram vetorizados manualmente, sem a necessidade de plugins específicos para se realizar essa tarefa, com isso foram realizadas respectivamente a cada ano imageado, no final foram mesclados para a geração de apenas um mapa para se verificar as sobreposições e a evolução da verticalização. A cidade de Belém como um todo entrou em processo de expansão urbana natural, assim como qualquer outra cidade. No ambiente da bacia, isso veio de uma forma acelerada, principalmente por se encontrar nos limites da primeira légua patrimonial e por estar próximo as primeiras áreas ocupadas (cidade velha e campina). O processo de intervenção na década de 70 imprimiu uma nova dinâmica à bacia, atraindo diversa grandes construtoras e incorporadoras a fim de instalar os seus empreendimentos residenciais de alto padrão, e isso conjuntamente veio com agregação de áreas de serviços, comerciais, institucionais, portuárias além de áreas históricas anteriormente existentes, constatados em mapas multitemporais. Desta forma, a morfologia da bacia foi se intensificando, o que passou de grande área vegetada em 1977, nos dias atuais corresponde a apenas 6,55% da totalidade da bacia. Deve-se ressaltar que os espaços livres, as áreas verdes e a cobertura vegetal são elementos fundamentais para um planejamento urbano, que se preocupa com a qualidade ambiental sendo o poder público que deve criar ajudar e a manter ambientes agradáveis e estéticos dentro dos padrões aceitáveis para vida saudável dos moradores. E não se pode esquecer que a vegetação primária protegia as margens dos canais naturais existentes, onde pode-se perceber em mapas históricos, e os fatores antropogênicos, em um âmbito geral faltou planejamento onde deveriam ser preservadas as matas ciliares e a não deposição de resíduos nos canais retificados, afinal isso prejudica todo o geossistema.
Keywords
Cobertura Vegetal; Análise Ambiental; Urbanização