Mapeamentos Fitogeográficos do Brasil: uma perspectiva histórica da classificação florística brasileira
Autores
1Coutinho, V.S.; 2Lopes, G.P.A.
1UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO Email: vivianecoutinho74@gmail.com
2UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO Email: gabriel14pedro@gmail.com
Resumo
Os mapas e as técnicas cartográficas são importantes recursos para a representação e análise da vegetação de um determinado espaço, a cartografia apresenta uma linguagem que possibilita a visualização e interpretação das informações fitogeográficas de maneira mais unificada, já que a visualidade contida no mapa permite identificar simultaneamente a característica florística e sua localização sobreposta. No Brasil os primeiros mapas que continham informações fitogeográficas eram produzidos com a intenção de fornecer conhecimento da localização do pau-brasil, informações da costa e principalmente dos recursos naturais existentes. Posteriormente mapas com o intuito de representar a biodiversidade vegetal começaram a ser produzidos, a flora passou a ser classificada e foram criados diversos parâmetros que diferenciaram e agruparam essa vegetação brasileira. Desta maneira o objetivo deste trabalho é analisar através dos mapas a evolução do conhecimento da fitogeografia brasileira e os métodos utilizados para a classificação, a fim de compreender as mudanças nos critérios estabelecidos. A metodologia consistiu, portanto, em analisar seis mapas gerados entre os anos 1824 e 1982, sendo os mapas: “Provinciae Florae Brasiliensis” de Martius (1824) o “Mappa Florestal do Brasil” de Gonzaga de Campos (1926); a classificação de Aroldo de Azevedo presente em sua obra “A Terra e o Homem” (1950); a de Andrade-Lima (1966) contido no Atlas Geográfico do IBGE; “Os Domínios Morfoclimáticos e Fitogeográficos Sulamericanos” de Ab’Saber (1977) e do Projeto RADAM Brasil em “Classsificação Fisionômico Ecológica das Formações Neotropicais” de Veloso e Góes Filho (1982). Produzidos em contextos histórico-científicos divergentes, esses mapas foram os mais representativos de suas épocas, pois possibilitaram uma base para as catalogações posteriores, influenciando pesquisadores seguintes, assim como permitindo uma continuidade e evolução das classificações fitogeográficas no Brasil. O primeiro mapa fitogeográfico do Brasil foi elaborado pelo bávaro Karl von Martius em 1824, em sua classificação o naturalista agrupou o país em cinco regiões florísticas, usando nomes de divindades gregas para a denominação. Perpassaram 102 anos para que outras classificações ocorressem, sendo a do brasileiro Gonzaga de Campos (1926) em "Mappa Florestal" ele mostra a necessidade do governo brasileiro de criar parques estaduais, já que através de seus mapas poderia se fazer uma análise da destruição das florestas, principalmente no nordeste. Posteriormente institutos e projetos nacionais também começaram a levantar dados para a elaboração de mapas fitogeográficos, principalmente o IBGE e RADAM Brasil. Os mapas analisados apresentaram grandes diferenças entre eles, além dos critérios e parâmetros de classificação há disparidades nas técnicas cartográficas, devido aos próprios contextos histórico-tecnológicos em que foram produzidos, destaca-se que entre os mapas de Aroldo de Azevedo (1950) e Andrade-Lima (1966) as diferenças foram bem maiores, há uma modificação na forma de denominar as vegetações, no primeiro há somente três grandes formações vegetais para o país inteiro, enquanto no segundo começa a surgir terminologias ecológicas, regionalistas e subdivisões de formações não florestais. Contudo mapas fitogeográficos são extremamente importantes para o conhecimento dos recursos naturais e do próprio território de um país, eles apresentam subsídios para criação de unidades de conservação e permitem um monitoramento da vegetação identificando zonas em que ocorreram redução ou recuperação. Devido a imensidão do território brasileiro realizar uma classificação fitogeográfica torna-se um processo complexo, sua localização geográfica e a própria evolução geológica e climática permitiram que diferentes paisagens naturais se formassem, sendo um país detentor de uma imensa biodiversidade é necessário identificar essa rica variação vegetal que se encontra distribuída ao longo de todo o país, sendo importante compreender a evolução dos critérios de classificação dessa fitogeografia.
Keywords
Fitogeografia; Classificação vegetal; Mapas florísticos