Mapeamento Geomorfológico de Detalhe utilizando o software PhotoScan
Autores
1Martins, J.D.B.; 2Soares, M.C.; 3Valdati, J.; 4Oliveira, F.H.
1UDESC Email: joaodaniel@hotmail.de
2UDESC Email: mariacarol.soares@gmail.com
3UDESC Email: javaldati@hotmail.com
4UDESC Email: chico.udesc@gmail.com
Resumo
O presente trabalho tem por objetivo aplicar a ferramenta de fotogrametria PhotoScan da empresa Agisoft e interação dos dados, exportados para o ambiente SIG ArcGIS da ESRI, como suporte para a elaboração de Mapeamento Geomorfológico de Detalhe. O modelo digital de elevação do levantamento aerofotogramétrico da Secretaria de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina – SDS/SC com nível de detalhe na escala de 1:10.000 serviu de base para comparação dos produtos elaborados. De acordo com Tricart (1965) apud ROSS (1990, p. 52), o mapeamento geomorfológico, é “a base da pesquisa e não a concretização gráfica de pesquisa já feita”, ou seja, esse tipo de documento permite um aperfeiçoamento no nível de interpretação de um dado local, sendo um importante aliado no ordenamento e planejamento socioespacial. Para Ross “o mapa geomorfológico é um importante instrumento na pesquisa do relevo” e que ao elaborar uma carta nessa linha é necessário o cumprimento de três itens: “1. Fornecer elementos de descrição do relevo; 2. Identificar a natureza geomorfológica de todos os elementos do terreno; 3. Datar as formas” (ROSS, 1990, p.52). Considerando o exposto, para a experimentação da tecnologia foi escolhida uma área com feições de origem antrópica em Florianópolis/SC no bairro Monte Verde. O local é um espaço de obra no qual está sendo instalado um loteamento residencial, onde é possível encontrar feições como taludes e escarpamentos sem cobertura vegetal. Geologicamente, a Ilha de Santa Catarina compreende um grande maciço cristalino com diversas fraturas e diques de diabásio, majoritariamente dispostas no sentido NNE-SSW. Utilizando como referência o mapeamento geológico de Tomazzoli et al.(2014) nota-se na área de estudo a presença de três tipos de formações geológicas: Depósitos Colúvio-Aluvionares (Hca), Granito Ilha (PGi) e Depósitos Flúvio Lagunares-Lacustres (HLg). Acerca da padronização da simbologia gráfica Jurandyr Ross (1990, p. 55) afirmou que por não haver uniformização da mesma é recorrente a descrição visual das informações geomorfológicas de maneira diversificada. Para o trabalho em questão foi utilizado o modelo de simbologia do Grupo Nacional de Geografia Física e Geomorfologia, do Serviço Geológico Nacional da Itália descrito em: Proposta di legenda geomorfológica ad indirizzo aplicativo, e adotado na publicação “Cartografia Geomorfologica: manuale di introduzione al rilevamento ed alla rappresentazione degli aspetti fisici del território” (DRAMIS, F., BISCI, C. (1998). Uma característica importante desse tipo de representação é a capacidade de tornar visível não apenas a feição geomorfológica, mas também o processo que deu origem a forma ou depósito e o grau de atividade. Esta última representada através da mudança da intensidade das cores de cada área, linha ou símbolos utilizados na representação. Foi utilizada a fotogrametria a curta distancia (close-range photogrammetry), por meio do RPAS/drone (remotely piloted aircraft system) multirrotor quadcóptero Matrice 100, para captura dos dados espaciais em 3D. Assim, foi possível obter um produto cartográfico em terceira dimensão com resolução espacial suficiente para avaliar a qualidade da representação das feições geomorfológicas de interesse bem como dos processos ativos e inativos presentes na área de estudo. O PhotoScan é um software de fotogrametria que oferece suporte à criação de modelos tridimensionais. Portanto, o usuário deve fornecer imagens tomadas em diferentes ângulos da feição a ser modelada. O software reconhece pontos homólogos nos pares esteoscópicos obtidos por equipamentos fotográficos convencionais ou aerotransportados, desta forma, cria uma nuvem 3D destes pontos em uma matriz computacional. Por fim, estes pontos são interligados de modo a formar uma superfície/malha tridimensional. Os modelos podem ser gerados em escala 1:1 ou ajustado de acordo com a necessidade do usuário. Além disso, a ferramenta oferece suporte à tomada de medidas de distância área e volume de modelos. Os modelos digitais MDS e MDT até então disponibilizados pela Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Estado de Santa Catarina/SDS apresentam resolução espacial/tamanho de célula de 1m2/pixel. Assim, este produto, mesmo quanto transformado em uma rede triangular irregular (TIN – triangulated irregular network) para observação em 3D, não permite a identificação de feições geomorfológicas de detalhe. As feições identificadas encontram-se no contexto macro de representação da área de interesse. O produto gerado pelas técnicas empregadas pelos autores do presente trabalho permite a geração de modelos digitais de elevação em escalas próximas à 1:500. Desta forma, além de explorar o potencial do PhotoScan para a criação e análise de produtos tridimensionais com alta qualidade de detalhamento quanto à geometria das formas e com alta resolução espacial, a metodologia aqui apresentada permite a aplicação do uso do mapeamento geomorfológico de detalhe em um caso real, atuando como suporte para o zoneamento e planejamento urbano de uma cidade com um nível de detalhe que auxilia a ocupação territorial e mitiga o risco.
Keywords
PhotoScan; Mapeamento Geomorfológic; Planejamento Urbano