Análise das variáveis topográficas relacionadas aos movimentos de massa ocorridos no alto vale da bacia do Ribeirão do Baú no desastre de novembro de 2008, município de Ilhota/SC.


Autores

1Gerente, J.; 2Bini, G.M.P.; 3Negrão, P.; 4Miguel, B.H.; 5Santos, E.G.

1INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS Email: jessica.gerente@inpe.br
2UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Email: grazielabini@gmail.com
3INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS Email: priscila.negra@inpe.br
4INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS Email: barbara.miguel@inpe.br
5INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS Email: erone.santos@inpe.br

Resumo

Movimentos de massa são processos geomorfológicos que modificam o relevo e que podem causar perdas e danos à sociedade. No Brasil, estes fenômenos estão freqüentemente relacionados a episódios de chuva intensa e/ou duradouras. Em novembro de 2008, a região do vale do Rio Itajaí-Açu, em Santa Catarina, sofreu graves consequências em razão de diversas ocorrências de movimentos de massa, os quais trouxeram muitos prejuízos à população atingida. Algumas medidas como mapeamentos de suscetibilidade a processos geomorfológicos perigosos contribuem para gestão territorial uma vez que possibilitam a identificação dos locais menos propensos à habitação. Dentre outras informações, a análise de ocorrências pretéritas pode auxiliar no entendimento da dinâmica dos processos geomorfológicos e no conhecimento dos locais com maior possibilidade de novas ocorrências. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é realizar uma análise das ocorrências de movimentos de massa deflagrados no desastre de 2008 em uma porção do alto vale da bacia do Ribeirão do Baú, situada no noroeste do município de Ilhota/SC, com área de 10 km². Para isso, foi realizado um mapeamento das cicatrizes de movimentos de massa a partir de interpretação visual de ortofotos cedidas pelo Estado de Santa Catarina e por meio de imagens históricas do Google Earth. Considerou-se como cicatriz tanto a zona de ruptura e/ou deformação, quanto à zona de passagem e depósito dos materiais. A partir disso, foram extraídos os valores de área máxima e mínima das feições mapeadas e também foram analisadas duas variáveis geomorfométricas relativas às áreas atingidas, sendo elas: declividade, forma de vertente. As variáveis foram obtidas do projeto Topodata, um banco de dados geomorfométricos do Brasil, disponibilizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A variável declividade foi classificada em 6 classes, sendo elas 0 - 10°, 10 - 15°, 15 – 20°, 20 – 25°, 25 – 30° e 30 – 40°. A variável forma de relevo foi classificada em convergente, retilínea e divergente. Como resultados foram mapeadas 44 cicatrizes. A cicatriz com maior área correspondeu a 534 m² e a mínima a 42,5 m². A soma das áreas de todas as cicatrizes correspondeu a cerca de 5% do território da bacia em análise. Em relação às configurações de relevo 4,5% dos movimentos de massa tiveram sua zona de ruptura ou deformação em áreas com declividade de 10 a 15°, 13,6% em áreas com declividade de 15 a 20°, 25% em áreas com declividade de 20 a 25°, 29,6% em áreas com declividade de 25 a 30° e 27,3% em áreas com declividade de 30 a 40°. Em relação à variável forma de relevo, 29,5% das zonas de ruptura e/ou deformação ocorreram em relevos de forma convergente, 18,2% das rupturas e/ou deformações ocorreram em formas de relevo de predominância retilínea e 52,3% das rupturas e/ou deformações ocorreram em formas predominantemente divergentes. A partir dos resultados obtidos foi possível conhecer as características topográficas em que mais ocorreram movimentos de massa. Percebe-se que mais de 50% dos movimentos de massa foram deflagrados em ambientes com declividade superior a 25° e com forma divergente. Tal conhecimento pode servir de base para elaboração de zoneamentos territoriais e de mapeamentos de suscetibilidade a movimentos de massa. Além disso, a análise dos atributos topográficos pode contribuir para um melhor entendimento da dinâmica e ambientes dos processos de movimentos de massa.

Keywords

Mapeamento de cicatrizes; Geomorfometria ; Suscetibilidade

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