ESTUDO DA VARIAÇÃO NOS PADRÕES DE TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DO MAR (TSM) NA PLATAFORMA CONTINENTAL AMAZÔNICA BASEADO EM DADOS DO SENSOR MODIS


Autores

1Ramos, A.J.R.; 2Duarte, J.F.S.; 3Soares, J.A.C.; 4Carneiro, R.S.G.S.

1UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA Email: alvaroramos85@hotmail.com
2INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS Email: duarte.jessyca@gmail.com
3UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA Email: joao.almiro@ufra.edu.br
4INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS Email: rebeca.carneiro@inpe.br

Resumo

A temperatura da água é um fator físico-químico que indica o estado térmico dos corpos hídricos, as temperaturas mais elevadas estão intimamente relacionadas com a riqueza e abundância de espécies no meio aquático, sua alteração pode gerar mudanças nas dinâmicas ecossistêmicas. O presente estudo teve por objetivo avaliar as mudanças e temperatura superficial do mar (TSM) ao longo da Plataforma Continental Amazônica (PCA), utilizando como instrumento metodológico as geotecnologias, o emprego de imagens do sensor MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer), comparando os anos de 2015 e 2016. A área de estudo compreende sítios pertencentes à região intertropical amazônica correspondendo às áreas de influência do estado do Pará. As imagens utilizadas são disponibilizadas pela plataforma Oceancolor, apresentando resolução de 4 km, aderido ao satélite AQUA visando adquirir os valores de temperatura de superfície do mar (TSM), para tanto, o estudo dispôs de imagens distribuídas em séries temporais de meses alternados, visando quantificar a variação da média mensal correspondentes ao verão e ao inverno Amazônicos. Os dados adquiridos possuem formato HDF (Hierarchical Data Format) e processadas no software SEADAS (SeaWifis Data Analysis System), além de se obter a variabilidade da amplitude média mensal para as estações estudadas. Os valores originais das imagens obtidas, SDS (Science Data Set), foram convertidos em valores reais, considerados valores de temperatura de superfície marinha. Posteriormente, os dados foram georreferenciados e a área foi recortada para a então realizar o cálculo de gradientes da TSM, indicando a variabilidade mensal de diferenças para os meses escolhidos operando álgebra de mapas para os produtos obtidos em 2015 e 2016. Por fim, foram extraídos os valores de amplitude comparativa para as estações consideradas. Após o processamento digital das imagens e obtenção dos produtos de TSM para os meses analisados, foi possível elaborar mapas representando a variação média de perfis térmicos ao longo da PCA. Foi possível observar relativa mobilidade térmica entre as médias mensais em 2015 e 2016. Os perfis investigados concluíram que as maiores taxas de diferenciação térmica de superfície nos primeiros meses do ano, se encontram ao norte da PCA, na região pertencente ao Cabo Orange, e regridem gradativamente no sentido oeste-leste. A partir do verão amazônico, as configurações de variabilidade térmica passaram a se manifestar de maneira difusa na plataforma, e as maiores dissemelhanças se encontraram em zonas pertencentes à ZEE amazônica. No início da estação chuvosa, novamente a variabilidade se mostrou acentuada na porção oeste da área de estudo, passando a regredir no sentido sul da PCA. As mudanças de médias mensais para os dois anos investigados, em alguns casos, foram superiores a 1°C evidenciando heterogeneidade no gradiente térmico presente nas águas marinhas, uma ponderação relativamente incomum para a região. As variações foram mais intensas para os meses de fevereiro e novembro. Tais resultados podem estar ligados a anomalias climáticas registradas entre os anos de 2015-2016 pelo INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), onde se atestou o fenômeno El Niño no Pacífico. Neste contexto, as águas superficiais na costa da América do Sul são mais aquecidas, causando alterações na dinâmica de circulação atmosférica, e consequentes mudanças nos componentes térmicos, afetando sobremaneira a planície costeira nacional, tornando o clima mais seco e aquecendo fortemente as águas oceânicas. Os resultados obtidos descrevem variações na temperatura de superfície no atlântico intertropical e diferentes impactos e anomalias na região amazônica, onde as disparidades de gradientes térmicos em fases de ENSO (El Niño e La Niña) podem variar de 0,2 a 0,9°C em águas continentais amazônicas. Para a região, estudos de significativa importância na avaliação de parâmetros físico-químicos, como o produzido por Lourenço (2016), descrevem que as temperaturas de superfície na plataforma continental amazônica atingiram valores que variavam de 28 a 31°C nos primeiros meses do ano em 2015, além de descreverem maiores valores nas zonas pertencentes às plumas continentais amazônicas, e em regiões consideradas rasas, próximas à costa. Apesar das limitações referentes às análises das imagens termais em estudos para águas mais profundas, principalmente locais de feições consideradas turvas e de alta composição de sólidos em suspensão. O processamento de dados MODIS apresentou resultados satisfatórios quando á análise dos padrões de temperatura de superfície. Pertinente ao estudo realizado é notório o fomento de discussões acerca de fatores que possam vir a gerar alterações significativas nos parâmetros físico químicos da água, além de fornecer bases relevantes quanto ao estudo em escala geográfica espacial elevada. Pela elevada extensão territorial da plataforma amazônica, e sua importância econômica para as populações tradicionais pertencentes à região, estudos que avaliem a situação dos ambientes costeiros de maneira mais precisa e rápida são essenciais, mediante este fato, o sensoriamento remoto se expressa como imprescindível para obtenção de informações de maneira rápida e precisa. Os elos entre os ambientes marinhos e alterações nos parâmetros ecossistêmicos locais exibiram caracteres significativos para o entendimento do ambiente. Através do estudo ficou evidente uma correlação aparente entre fenômenos térmicos provenientes do Pacífico e a distribuição média dos padrões de temperatura de superfície da água na costa amazônica, denotando que além das mudanças estacionais, definidas a partir das estações mais secas e chuvosas, o regime térmico na região intertropical norte pode ser modificado e demonstrar diferenças significativas dentro de uma mesma estação durante o ano, e está sujeita a outros fenômenos atmosféricos alheios ao continente.

Keywords

TSM; Plataforma Amazônica; Sensoriamento Remoto

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