Análise do estado de conservação da APA da bacia do rio Macacu e do Parque Estadual Três Picos – RJ


Autores

1Costa, E.; 2Augusto, R.; 3Seabra, V.

1UERJ-FFP Email: evelynportocosta@yahoo.com.br
2UFRJ Email: rafaelcardao@hotmail.com
3UERJ-FFP Email: vinigeobr@yahoo.com.br

Resumo

A vegetação é parte integrante da paisagem e serve como um indicador de outros atributos do ambiente e de suas variações no espaço (Boher et al, 2009). A conservação de áreas com coberturas naturais é caracterizada como um grande desafio atualmente, visto que as transformações antrópicas e o crescimento urbano exercem elevadas pressões sobre os ecossistemas naturais, ameaçando a sobrevivência de espécies e de dinâmicas naturais importantes. Nesse sentido, as unidades de conservação (UC) aparecem como importantes entidades para a conservação ambiental mantê-las e fiscaliza-las é necessário para preservar os remanescentes florestais existentes, bem como a biodiversidade. Uma das formas de monitorá-la e geri-la é fazer uso de ferramentas geotecnológicas para analisar e gerir o território, de maneira a conter as pressões socioeconômicas sobre elas. Criar mecanismos para analisar o estado de conservação das UC contribui para uma gestão eficiente e um melhor planejamento do território, tendo em vista as constantes transformações que ocorrem no espaço geográfico e as inúmeras pressões que essas áreas protegidas sofrem. O Parque Estadual Três Picos e a APA da bacia do rio Macacu são unidades de conservação de grande relevância para os municípios do leste fluminense, pois além manter vasta biodiversidade de fauna e flora do Estado do Rio de Janeiro, protegem recursos naturais fundamentais para a população da região metropolitana. Essas duas UC estão inseridas predominantemente nas bacias dos rios Macacu e Guapiaçu, que estão localizadas nos municípios de Guapimirim, Cachoeiras de Macacu e Itaboraí, sendo estes municípios de grande dinâmica urbano ambiental, pois se situam onde atualmente ocorrem constantes processos de transformações espaciais, devido a valorização econômica trazida para a região. Nas proximidades das UC, mais precisamente, no município de Itaboraí, está sendo construído o COMPERJ (Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro), que proporciona uma série de intervenções nessas áreas, tais como, especulação imobiliária, aumento do contingente populacional, grande fluxo de pessoas e materiais, entre outros fatores que contribuem com a pressão sobre as UC, decorrente a isso essas UC tendem a sofrer ainda mais impactos e pressões. O Parque Estadual dos Três Picos (PETP) se destaca por estar situado na região central do Estado do Rio de Janeiro, formando um contínuo fragmento de vegetação predominantemente caracterizado como ombrófila densa, sendo este um dos mais expressivos trechos de vegetação de Mata Atlântica do estado. Além disso, o PETP se trata de uma UC de proteção integral, que não permite uso direto dos seus recursos. Por consequente, a categoria de Parque Estadual, permite apenas atividades recreativas, educativas e interpretativas, além de pesquisas cientificas dentro do Parque. Essa UC foi criada pelo Decreto Estadual n° 31.343 de 5 de junho de 2002, e ampliado pelo Decreto Estadual n° 41.990 de 12 de agosto de 2009, abrangendo os municípios de Cachoeiras de Macacu, Nova Friburgo, Teresópolis, Guapimirim e Silva Jardim. Já a APA da bacia do rio Macacu é categorizada como uma Área de Proteção Ambiental, no qual é permitido o desenvolvimento sustentável das terras públicas. Essa UC foi criada pela Lei Estadual n° 4.018, de 5 de dezembro de 2002, pelo INEA, abrangendo os municípios de Cachoeiras de Macacu, Itaboraí e Guapimirim. A APA se sobrepõe ao Parque Estadual dos Três Picos, que é de proteção integral. Nesse sentido, a APA tem por objetivo preservar as faixas marginais dos rios Macacu e Guapiaçu, bem como seus afluentes. O rio Macacu se destaca no Estado do Rio de Janeiro por ser o maior contribuinte da baía de Guanabara, segundo INEA (2015). Além disso, esses rios tem grande importância para o abastecimento de água em alguns dos municípios de grande contingente populacional, tais como São Gonçalo, Niterói e Itaboraí. Para analisar o estado de conservação da APA e do Parque Estadual foi realizado um mapeamento de uso e cobertura da terra da bacia do rio Macacu e Guapiaçu, se estendendo até os limites do PETP em parte dos municípios de Magé, Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo e Silva Jardim. Como metodologia foi utilizado a técnica de classificação baseada em objetos (GEOBIA), em imagem Landsat 8, sensor Operational Land Imager (OLI), do ano de 2014. Esta se coloca como uma importante metodologia de processamento digital de imagens de sensoriamento remoto, permitindo a obtenção de dados espaciais de forma rápida e precisa, além de fomentar análises geográficas capazes de subsidiar o planejamento territorial e ambiental. Os resultados quantitativos do mapeamento apontam que cerca de 96% do PETP é composto por florestas, sendo a classe de agropasto e afloramento rochoso inferiores a 4%. Ainda pelo mapeamento, é possível inferir que ao entorno do Parque existem vetores urbanos, que tendem a avançar para ainda mais próximo da UC, principalmente porque através dela passa a RJ 116, que concentra aglomerados urbanos. Em relação à APA de Macacu, o mapeamento de uso e cobertura correspondeu com cerca de 56% de agropasto e 38% de floresta, estando a presença urbana em aproximadamente 2% da APA. Isto se deve ao fato das rodovias principais estarem situadas a poucos metros do leito do rio, acarretando em ocupações cada vez mais próximas às margens do rio, onde se situa a APA. De forma qualitativa a partir do mapeamento ao entorno das UC é possível identificar os principais vetores que contribuem para o agravamento da conservação dessas UC, sendo o urbano o principal vetor, com a chegada do COMPERJ, isso muito se agrava, devido ao aumento populacional nas proximidades das rodovias principais que estão localizadas próximas ao rio, o que contribui com a ocupação irregular, assoreamento do rio, escoamento de esgoto de forma irregular e a constante poluição do rio Macacu e seus afluentes.

Keywords

Uso e cobertura; Estado de conservação; Unidade de Conservação

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