PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DE IDE: INDICADORES SOBRE A DISSEMINAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS NA INDE
Autores
1Gottardo, T.V.; 2Barbosa, I.
1IME/ IBGE Email: tvgottardo@gmail.com
2IME Email: ivanildo@ime.eb.br
Resumo
Iniciativas de concepção e implementação de Infraestruturas de Dados Espaciais (IDE) têm sido observadas em diversos países ao redor do mundo, visando a otimizar o acesso à crescente oferta de dados geoespaciais produzidos nas últimas décadas. A abordagem dos conceitos de IDE tem evoluído, caminhando em direção à terceira geração de IDE, centrada no usuário (HENNING e BELGIU, 2011), identificando suas demandas e se adaptando para não apenas disponibilizar acesso a uma base de dados arbitrária, como na primeira geração, ou atuar na consolidação dos processos, como na segunda geração (CRAGLIA e ANNONI, 2006). No Brasil, a INDE foi instituída oficialmente pelo Decreto nº 6.666/2008 (BRASIL, 2008) e tem sido gradualmente implantada desde então. Dentre os objetivos enunciados no Art. 1o do aludido Decreto, destaca-se o inciso I: “promover o adequado ordenamento na geração, no armazenamento, no acesso, no compartilhamento, na disseminação e no uso dos dados geoespaciais de origem federal, estadual, distrital e municipal, em proveito do desenvolvimento do País”. Seu plano de ação prevê o acompanhamento e avaliação dessa iniciativa, com atividades permanentes de pesquisa de opinião quanto ao uso, satisfação dos usuários e levantamento das demandas, além da elaboração de relatórios para identificação de correções e adequações necessárias (CONCAR, 2010). Atualmente a INDE encontra-se em seu terceiro ciclo de implantação, que será encerrado em 2020 e tem como objetivo “transformar a INDE na principal ferramenta de busca, exploração e acesso aos dados e informações geoespaciais do Brasil, em suporte à formulação de políticas públicas pelo setor governamental e à própria sociedade nas tomadas de decisão afetas ao seu cotidiano, inclusive fomentando a participação voluntária” (CONCAR, 2010). A análise dos resultados já atingidos pela INDE e o dimensionamento dos futuros desafios para sua consolidação também tem fundamental importância como resposta à sociedade sobre a eficácia da INDE e como subsídio para tomada de decisão sobre os investimentos necessários para as futuras ações de implementação. Avaliações desse tipo já foram implementadas oficialmente em outras IDE's, como na INSPIRE com o objetivo de obter parâmetros para analisar sua implantação, e no SNIG, com o objetivo de obter bases para a reformulação de sua visão. A avaliação de uma IDE pode ser realizada em duas etapas distintas. Na primeira etapa, são selecionados indicadores de desempenho relacionados à disseminação dos dados via Web por parte dos seus produtores e seus respectivos metadados aos usuários amplos. Conforme recomendado por GIFF (2008), serão adotados indicadores SMART, ou seja, indicadores específicos (Specifc), mensuráveis (Measurable), viáveis (Attainable), relevantes (Relevant) e temporizáveis (Time-bound). Em seguida, esses indicadores são quantificados e contextualizados de modo a computar benchmarks que caracterizem casos de sucesso ou oportunidades de melhoria. A segunda etapa consiste na elaboração, aprovação e aplicação de um questionário ao público-alvo, mais especificamente, a órgãos e entidades do Poder Executivo Federal. Posteriormente, procede-se a análise dos resultados visando à identificação de oportunidades de melhoria na estratégia de implementação da INDE, a exemplo do que foi feito na Consulta Pública do INSPIRE (CRAGLIA et al., 2014) e no Diagnóstico SNIG (CAETANO et al., 2015), como instrumento para quantificar a adesão de usuários especializados. Enquanto o foco da primeira fase está relacionado à eficácia dos sistemas (serviços de disponibilização de dados geoespaciais) e mensuração do uso da infraestrutura (quantidade de acesso, quantidade de dados, existência de metadados, entre outros aspectos), a segunda fase diz respeito à satisfação dos usuários (usuário consumidor e usuário produtor) e identificação de suas demandas, a luz do direcionamento da terceira geração de IDE´s. Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo propor indicadores SMART para avaliação da situação atual da INDE, sob o ponto de vista de sua eficácia na disseminação de dados geoespaciais, além de especificar os respectivos procedimentos de coleta. Trabalhos similares já realizados em outras IDE´s serão considerados na elaboração dos indicadores, questionamentos e benchmarks que possam ser adotados ou adaptados à realidade brasileira. No momento da submissão deste resumo, estão sendo consolidados os indicadores da primeira fase e as especificações dos respectivos procedimentos de coleta. O questionário referente à segunda fase está fora do escopo deste trabalho, citado para fins de contextualização e indicação de trabalhos futuros. Referências Bibliográficas BRASIL. Decreto 6.666, de 27 de novembro de 2008. Diário Oficial da União, Brasília, 28 de nov. 2008. Seção 1, p. 57. CAETANO, M. et al. Consulta pública sobre o SNIG e INSPIRE 2015: pesquisa, acesso e utilização de informação geográfica em Portugal. Direção Geral do Território. 2015. CONCAR. Plano de Ação Para Implantação da Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais. Rio de Janeiro: CONCAR, 2010. CRAGLIA, M.; ANNONI, A. INSPIRE: An innovative approach to the development of spatail data infrastructures in Europe. GSDI-9 Conference Proceedings, Chile. 2006. CRAGLIA, M.; ROGLIA, E.; TOMAS, R. INSPIRE Public Consultation 2014: Report of Findings. Technical Report by the Joint Research Centre of the European Commission. 2014. GIFF, G. A Framework for Designing Performance Indicators for Spatial Data Infrastructure Assessment. In: Crompvoets, J. et al. A Multi-View Framework to Assess SDIs. Melbone. 2008. cap. 11, p. 211–234. HENNING, S.; BELGIU, M. User-centric SDI: Addressing Users Requirements in Third-Generation SDI. The Example of Nature-SDIplus, Geoforum Perspektiv, Tidsskrift for Geografisk Information, 20: 30-42, 2011.
Keywords
IDE; Avaliação de IDE; Indicadores de desempenho